Seria Deus, por acaso, um
criador tão parco em imaginação que só foi capaz de inventar um reduzido número
de modelos a partir dos quais se viu obrigado a desenvolver variantes? A teoria
da evolução dá uma resposta diferente a este problema: as espécies parecidas
descendem de um antepassado comum próximo no tempo, ou seja, são estreitamente
aparentadas. Será possível, afinal, que
sejamos tão diferentes dos chimpanzés? Na verdade só nos diferenciamos deles
1%, dos nossos 30 000 genes. Mais ainda, estima-se que não serão mais de
100, quiçá 50, os genes responsáveis pelas diferenças cognitivas entre uns e
outros. Esta pequena alteração genética converteu-nos numa espécie com
propriedades mentais únicas (às vezes nem tanto, digo eu...).
Adaptado de O colar
do Neandertal, Juan Luís Arsuaga
A fusão dos cromossomas ancestrais deixaram vestígios
de telómeros e um centrómero vestigial
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Os
chimpanzés, ao contrário dos humanos que têm 23 pares, têm 24 pares de
cromossomas. A razão, que imediatamente se torna evidente, não consiste
em ter desaparecido em nós um par de cromossomas, mas sim em dois dos
cromossomas dos primatas se terem fundido. Pensa-se que o cromossoma 2, o
segundo maior dos cromossomas humanos, se tenha formado a partir da
fusão de dois cromossomas de médias dimensões dos grandes primatas, tal
como pode ser visto a partir do padrão de bandas pretas nos respectivos
cromossomas. O Papa João Paulo II, na sua mensagem à Academia Pontifícia
das Ciências de 22 de Outubro de 1996, argumentou que entre os grandes
primatas ancestrais e os seres humanos modernos existia uma
«descontinuidade ontológica» - um ponto onde Deus injectou a alma humana
numa linhagem animal. Deste modo, a Igreja pode reconciliar-se com a
teoria evolutiva.
...Talvez o salto ontológico tenha ocorrido quando os dois cromossomas dos grandes primatas se fundiram e os genes da alma se encontrem sensivelmente a meio do cromossoma 2... :)
Presentemente
o cromossoma 2 é amplamente aceite como resultado de uma fusão telómero
- telómero entre dois cromossomos ancestrais. As evidências disso
incluem:
- A correspondência do cromossoma 2 com dois cromossomas dos símios. O parente mais próximo do homem, o chimpanzé, tem sequências de DNA quase totalmente idênticas ao cromossoma 2 humano porém em dois cromossomos separados. O mesmo se verifica em relação ao gorila e ao orangotango.
- A presença de um centrómero vestigial. Normalmente um cromossoma possui apenas um centrómero mas no cromossomo 2 encontram-se vestígios de um segundo.
- A presença de telómeros vestigiais. Normalmente são encontrados apenas nos finais dos cromossomas, mas no cromossoma 2 encontramos sequências de telómeros a meio.
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